Um marido, a meio da sua idade, perdoem-me a falta de subtileza e perdoem-me que a cortou ao meio. A ela. Acontecia que a mulher falava. Mas o pior era o olhar. Olhava na alma do homem Pedro, que se tornou assassino por não gostar que o vissem nu.

          Tudo se passou numa manhã, daquelas em que o sol nasce do lado errado. Todo o oeste se muda para o outro lado do mundo, lancha-se ao pequeno-almoço, e o estômago aperta-nos a barriga. Todo aquele arrancar do sol à janela era despropositado.

          Pedro levantou-se por obrigação, como de costume, de cama meio vazia. E todo aquele ar dos lençóis irritou Pedro, assim como o pequeno-almoço na mesa de cabeceira. Achou por bem visitar a casa de banho. Jejuou a caminho do lavatório, e alimentava-se pelos passos que o puxavam para a frente. Talvez a distância de si mesmo se resolvesse caminhando, talvez os pés o levassem ao encontro de si. E levaram. O chapéu do lavatório espelhava a sua face de sono, e acordava-o para si mesmo. Que pensamentos de facas e espadas, de cutelos e tesouras eram aqueles, que assolavam o seu espírito matinal, de tal forma que o sol realmente se punha, se despenhava por trás de todos aqueles montes que não eram ali achados no seu espírito?